Francisco Orosman(1938-2002), um autor uruguaio mas que viveu mais de dois terços de sua vida no Brasil, está sendo descoberto como(de fato) um escritor somente agora. Nascido em agosto de 1938 em montevideo, veio para o Brasil com apenas 20 anos e, durante 6 viajando até chegar ao Rio de Janeiro. Teve como primeiro destino Pelotas, onde escreveu pouco e não se tem muito conhecimento do que fazia por lá, passando somente alguns meses. De lá, seguiu para Porto Alegre, cidade que permaneceu por quatro anos. Na capital gaúcha, conheceu o primeiro(de dois) amores de sua vida, uma mulher morena, da alta sociedade porto-alegrense. Por ela, largou sua vida bohemia de poeta, arranjou um emprego fixo em um banco e, quase casou com a moça não fosse a sorte levá-la poucas semanas antes do casório.
Depois da morte de sua amada, Orosman permaneceu mais seis meses em Porto Alegre e partiu para Santa Catarina, em uma praia de pescadores chamada Pinheira, encontrou seu primeiro momento de paz depois de tanto tempo e, não fosse um aperto em seu peito que lhe dizia para seguir rumo, teria vivido naquele lugar para sempre. Passou por Florianópolis depois, e seguiu pela capital do Paraná, Curitiba e de SP, São Paulo e, finalmente, conheceu seu segundo grande amor: o Rio.
O Rio despertou toda sua tristeza, todo seu descontentamento para com Deus, toda a sua saudade e, toda sua inspiração para a arte novamente, aquela cidade em pleno crescimento contra a natureza de praias, enceadas e morros fizeram Orosman voltar a escrever. Seus poemas, mais maduros agora, falavam da perda, da dor, do esquecimento, de(varias) mulheres que tentavam substituir aquela, um dia, perdida e, principalmente, questionava as decisões divinas.
Orosman, no Rio, viveu com personalidades como Vinicius de Morais e Chico Buarque mas, nunca teve interesse maior pela música se não ouvi-la. Também nunca quis nem publicou sequer um poema seu enquanto vivo, somento hoje, alguns anos depois de sua morte(janeiro de 2002), devido a um grave câncer de pulmão decorrente do fumo excessivo(fumava só tabaco puro que, mandava trazer toda semana do Uruguai junto com algumas orrillas). Dificilmente era visto sem um "fumito" na boca(ou atrás da orelha) e sem seu isqueiro zippo côr de chumbo. O fato de fumar era tão comum em sua vida que, em alguns manuscritos encontrados hoje, percebem-se algumas queimaduras nas folhas e sujeira deixada pelas cinzas.
Infelizmente, Francisco Orosman é um fantasma da literatura já que seus manuscritos estão sendo conhecidas somente agora(em conjunto com uma editora, estima-se que em 2010 será lançado um livro com parte de suas obras) e, mesmo cheios de significados, ironias e dores, são poemas muito acessíveis a qualquer tipo de pessoa. Vale a pena conhecer um pouco desse escritor Brasiguaio, como gostava de se chamar.
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