terça-feira, junho 30

- Folha Vazia

Ver uma folha vazia
Da vontade de poemar
Qualquer coisa da vida
Tentando, o amor, rimar

Seja sobre o que for
Se irá acontecer ou se já foi
Sobre todas coisas simples
Como o sol a se pôr

Pois quem escreve ama
Ou então, no mínimo, desama
E mesmo esse, ama escrever
Dos desamores de viver

E se algum dia vires
Uma folha vazia
Pinte-a com versos
E terás feito uma poesia

quinta-feira, junho 11

- Trip

O jovem garoto abriu os olhos e olhou para o relógio no pulso. Havia perdido o horário, acordou muito tarde, levantou-se com um pulo, correu para o banheiro e tomou o melhor e mais rápido banho de sua vida, voltou pro quarto e, meio molhado ainda vestiu a primeira calça e camiseta que viu no roupeiro, procurou um(algum, qualquer) par de meia pelo apartamento, o máximo que encontrou foram duas meias brancas de pares diferentes, não tinha tempo para se importar com isso, botou as meias e calçou os mesmos tênis que usava todos os dias e que amava tão futilmente, já que era fruto de seu primeiro salário. Pegou as chaves, a mochila, que estava 1/4 do seu próprio peso, passou reto pela cozinha, depois tomava um cafezinho ou talvez nem isso. Saiu do pequeno apartamento rezando para que o elevador estivesse ali, esperando no 4º andar. Doce ilusão. Estava no 5º e subindo.
Agora com um certo pânico, o rapaz saiu correndo rumo a saída de emergência, as escadas. Pulou cada lance por dentro daquele corredor branco e frio, nem prestava atenção para as janelas que mostravam as janelinhas do banheiro dos outros apartamentos, com xampus e condicionadores. Chegou no térreo, deu bom dia pro porteiro que até hoje se pergunta quem lhe havia cumprimentado, de tão rápido que saiu do prédio, quando pisou na rua viu uma cidade vazia, graças ao feriado, e num tom de cinza devido às nuvens da fraca chuva que caía sobre Porto Alegre, sem se importar com isso, atravessou a rua e foi no posto comprar um expresso, a atendente ficou assustada quando ele lhe pagou e não esperou os seus três(últimos) reais de troco, como conseguiria? Quando percebeu seu ônibus vindo, saiu em disparada, por duas quadras correu até o maldito parar, entrou antes mesmo dele parar, quando passou o cartão de passagens lembrou-se, que como era estudante, este só servia de segunda à sábado, agora havia entrado em uma frenética busca por moedas, pelos bolsos da frente, dos lados, o interno, todos compartimentos da carteira, conseguiu juntas 1,90, o cobrador comoveu-se vendo que o guri começava a se desesperar, e deixou-lhe passar pela roleta, agradecendo muito, foi para o fundo do ônibus que estava vazio, não conseguiu sentar de tanto nervosismo, alguns minutos depois, chegando na rodoviária, desce e sai novamente em disparada rumo ao Box 42... Passou pelas entradas, desviando-se de malas, pessoas, fiscais, tudo que se antepunha ao seu destino, e foi chegando perto, sempre correndo passou pelo Box39, Box 40, Box 41 e... 42. Onde estava o ônibus? Sua viagem tinha se ido por água abaixo, com a passagem abarrotada na mão, sentido tanta raiva do seu sono que chegou a espremer uma lágrima dos olhos, ficou parado, por alguns segundos, mirando a saída dos outros ônibus quando ouve:- Eaí meu!Vira-se surpreso. E fala:-Que!? Vocês também perderam o ônibus?Eram dois amigos seus que eram praticamente irmãos para ele. E, um deles responde:- Perdemos? Como assim? Ele só sai às 8:00!
- E que horas tu acha que é cara? – Pergunta em um tom irônico.
-7:30 – Fala o outro, olhando o relógio.
- Não pode ser, eu saí de casa às 7:30... – Quando foi conferir o relógio, quase caiu na gargalhada, ele havia parado, tinha estragado marcando 7:30.
Quando contou a história, os três riram juntos, era só embarcar no ônibus e sair rumo ao feriado tão aguardado. Mas o melhor, foi poder fumar um cigarrinho com seus amigos antes de ir viajar.